Os Alquimistas do Avesso


Nossos melhores dicionários definem educação como “métodos que propiciam a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano.” Por ironia do destino, a maioria dos mentores de escândalos políticos ocorridos por todo o globo, e seus “laranjas” – como eles mesmos preferem se definir, numa incrível tentativa de defesa, quando são capturados - tiveram “educação” de sobra - as paredes de seus gabinetes que o digam. Os empreendedores que, com sua genialidade parcial, construíram verdadeiros impérios industriais, também. Muitos deles estudaram nos melhores colégios e universidades do mundo, com direito a pós-graduação, MBA e outras siglas de prestígio. No entanto despejam todo o “bagaço” de sua riqueza nos rios, mares e ares, totalmente cientes do imenso mal que causam.
Sendo fiéis aos fatos e à língua portuguesa, podemos classificar graduados que cometem equívocos dessa magnitude como educados?

Não vamos confundir o fato de ter passado por um processo educativo, com ter educação. Há um imenso abismo entre essas duas situações. Na verdade, excetuando-se os que o são por comodismo, o ignorante pode estar muito mais próximo da educação do que aqueles que tiveram nas mãos esse valioso patrimônio e o transformaram em lixo. Esses pensaram ter encontrado a Pedra Filosofal, e não se deram conta de que ela era falsa. Se tornaram os alquimistas do avesso.

Quando verdadeira, a ignorância é um álibi perfeito, embora frequentemente seja falsa. Para os adeptos da cartilha do desculpismo, suas maiores preocupações não deveriam ser as punições leves ou pesadas que poderiam, ou não, advir disso
O que tem relevância mesmo é o processo interior. Em nossa consciência estão registrados todos os fatos de forma cristalina, nossa verdadeira responsabilidade sobre tudo o que pensamos e vivenciamos. Para que a justiça plena se faça não é necessário se fazer nada. Ninguém precisa ter acesso a essas informações, além de nós mesmos. Esse processo é iniciado expontaneamente por nossa consciência. Aí começa a verdadeira educação.

Assim, ao decidir estudar algo com mais profundidade, considere o que a aplicação daquele conhecimento em sua vida lhe trará de bom. E não me refiro apenas a quanto fará lhe render em dinheiro, se lhe dará status social, ou propiciará ascensão profissional. Mas, principalmente o quanto lhe acrescentará em qualidade de vida, no seu mais profundo sentido.

Quando decidir estudar algo, aprenda. E isso não é óbvio, nem redundante. Aprender, de fato, não é apenas freqüentar salas de aula. E, correndo o risco de contrariar nossos bons dicionários, também não deve ser entendido apenas como “reter na memória o conhecimento adquirido.” Aprender é fazer uso desse conhecimento na sua vida. Quando fora de uso, o conhecimento é, em essência, a negação desse aprendizado. Por isso, a verdadeira educação só pode ser realmente sublimada com sua aplicação. Agindo dessa forma, além de esse conhecimento, você verá como ele adquire novas dimensões e desmembramentos infinitos que serão fundamentais para seu crescimento integral.

Mas, prepare-se. Quanto mais aprendemos, mais aumentamos nossa responsabilidade com relação a nossa própria evolução e, por conseqüência, ao processo de evolução coletiva.
Por isso, o ciclo se completa quando você faz com que seus conhecimentos possam valer também para outras pessoas, quando há uma doação de valores de vida. E não se preocupe. Você não vai ficar privado do que já construiu, ao contrário. Esse processo fará com que o tesouro intelectual, emocional e espiritual que você conquistou, se torne ainda maior. Isso porque você terá dado um enorme passo em direção a uma outra esfera de sua evolução: a do amor incondicional. Ela é como uma espécie de escola aberta a todos que quiserem estudar. Para isso, basta repartir o que você tem de melhor com todas as pessoas, indistintamente, e fazer isso de coração. Sendo essa uma condição sine qua non a todos os seus alunos, já é possível entender porque ganhamos tanto quando estudamos nela.

Os bem-educados sabem: na matemática da vida é preciso dividir para multiplicar.


Delphis Fonseca
DelphisFonseca.blogspot.com